Baleiro

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Fortaleza, Ceará, Brazil
entre as inúmeras coisas identificáveis que já ouvi, uma delas é que tenho uma multidão dentro de mim.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Domingo de Carnaval


Tempo meu, até o instante que eu possa tê-lo,
Tempo teu, de tudo que me foge;
Tempo esse, que por si se faz, perfaz,
Tempo todo que tudo é, e nada é mais.

O telhado desbotado que enxergo,
O vento que sopra e balança a rede vagarosamente,
Os cheiros, o verso sem rima,
O café quase frio de anteontem.

Hoje, dia festivo qualquer.
E a alegria carnavalesca não me alcança;
Um samba cadente quem sabe,
E o direito de ser triste nesses dias alegres.

Não é uma tristeza que doa,
Necessária,talvez; latente.
Uma doação por si,
Embebede-se, ter sede de si, só.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Anônimos quase famosos.


Em tempos virtuais, o seu ídolo possivelmente está sempre “por perto”. Você pode curtir a página dele no Facebook, acompanhar suas fotos pelo Instagram e saber o que ele pensa em 140 caracteres no Twitter , e tudo isso, em tempo real.

Eu sou de outra época, tempo esse em que os ídolos pareciam inalcançáveis, distantes e com uma interessante áurea de mistério. A maioria dos ídolos populares abrem suas casas para revistas, sofrem e se são felizes em ilhas, castelos ou naquela viagem inesquecível ! Tudo isso somado a um excesso de exibicionismo e detalhes que eles dão sobre suas vidas.

É, os tempos são outros e o excesso de exibicionismo faz com quer famosos e anônimos se exponham nas redes sociais. No geral, a pergunta do Facebook (como você está se sentindo?) é respondida através de posts, de fotos, de curtidas...A falta de mistério também chegou na vida dos anônimos, e para alguns, os detalhes são poucos, é preciso compartilhar fotos e vídeos que expõe dores e alegrias.

Também sou parte disso e estou em todas as redes sociais. Tento manter o máximo de privacidade, às vezes, sem sucesso. É que tudo está ao nosso alcance o tempo todo (era Smartphone) e nós, seres humanos dotados das mais variadas carências, por muitas vezes queremos ser “ouvidos”, “vistos”. E nessa ânsia cometemos o erro de expor a nossa vida equivocadamente.

Ainda tem os blogs, textos que geralmente discorrem sobre nossas vivências, opiniões e visões de mundo. O mundo virtual é vasto! Tão vasto que a nossa cotidiana vida parece não acompanhar. O seu ídolo já parece não ser tão interessante. A vida dos anônimos à nossa volta é feita de arroubos de alegrias e tristezas expostas. A nossa vida, em parte, cabe em posts, fotos e compartilhamentos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não receita de um ano novo.




Passada a euforia da festiva data de ano novo, somos indagados a todo instante quais os seus planos para 2013? Hoje me vi diante da pergunta e descobri que eu não tenho um plano novo, tenho metas de alguns anos atrás e avisto que cada vez mais próximas, estão suas realizações.

Sem as neuras de datas definidas eu inicio esse novo ano. Gosto do rito da passagem, mas não pulei ondas, não fiz nenhuma simpatia ou refleti longamente sobre o ano que acabou de terminar. Escolhi passar próximo ao mar, usei branco e bons pensamentos para atrair boas coisas.

Com o tempo percebo que as receitas  utilizam  ingredientes que não são do meu agrado. O ciclo de um ano passa muito rápido, e muitas vezes, são insuficientes para que realizemos ou busquemos os nossos ideais. Tem desejos que são perenes e você busca por eles a cada ano, a cada dia. Eu tenho vários assim e os cultivo.

Tem aquele lugar que você deseja voltar, a cidade que almeja conhecer, idas e vindas, encontros e desencontros, alegrias e tristezas. Tudo isso tece os nossos dias e são partes insolúveis de nós, são os nossos minutos multiplicados que viram dias, meses, anos. Começo a gostar cada vez mais das minhas vontades que são duradoras.

Trago uma lista mental de quereres e fico feliz em saber que alguns deles caminham lado a lado comigo, uns de forma tímida e algumas vezes até distantes, outros mais próximos e presentes. Aos poucos, vou buscando  aproximação e intimidade, daqui a pouco, todos eles se farão presentes. É uma questão de tempo e sei que pode demorar mais alguns anos novos.

P.S: Com ou sem receita, que o ano traga boas novas e que você não se acomode diante das coisas que deseja.Esses ritos são importantes para reforçar o que queremos, cada um a seu tempo, à sua maneira, sem que as cobranças externas seja o que te motiva. Os nossos sonhos são nós.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Ídolos pré-fabricados






O MEU SONHO É SER STAR Fabricou-se um ídolo agora mesmo. Sem muito talento, convenhamos. Mas, ele tem carisma (leia-se frases feitas e uma espontaneidade pré- fabricada para ser aceito). A sua arte é pífia, mas ele tem potencial de venda e audiência.

Os contratos já estão sendo rodados e logo, ele vai aparecer em rede nacional. Será ovacionado em programas de auditório, fará capas de revistas e todos falarão da ascensão de um novo artista. Dará entrevistas e repetirá mais de uma dúzia de clichês, todos ensaiados.

São tempos midiáticos e mais vale uma imagem e se ela for reproduzida e compartilhada à exaustão, teremos uma celebridade instantânea que busca o “seu lugar ao sol”.Que calor ingrato irradia a falta de talento, pode até cegar de tanto clarão.

A música que toca no rádio repete o refrão e rimas pobres. Atuações forçadas e repetições de rostos na tela. Surgem novas “namoradinhas do Brasil”, artistas que devemos amar pelas dificuldades superadas e todos artisticamente equivocados. Superaram barreiras e esqueceram o principal: talento.

A arte é identificação. É uma maneira de se ver através de um texto, música, filme e outras obras artísticas. Costumo duvidar do que nos é oferecido gratuitamente e temos um extenso cardápio. Cansaço mental das coisas que querem evitar que eu pense,sinta e queira saber mais.

Podemos repetir clichês, se reinventar, recriar. Para isso, é preciso base, conhecimento e uma pitada de talento. Para desfazer, desafiar e tocar além de números e aparições é preciso ir além. Que venha o novo, que os nossos ídolos que hoje são os mesmos, continuem a ser renovados. O que me instiga geralmente é de tempos atrás. A tecnologia excessiva me faz olhar para trás e ver maravilhas já realizadas. Sim, que venha o novo e que possamos ser instigados.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dominical




A escrita me “salvou” diversas vezes. Um número que a minha lógica não alcança e que eu não sou capaz de multiplicar. Textos e pequenos escritos de toda espécie: clichês, repetitivos, cotidianos e às vezes, surpreendentes. Assim como a vida.

Um cappuccino... pessoas em volta  e os meus olhos não conseguiam repousar em nada e nem em outros. Não existia identificação nenhuma naquele final de tarde de domingo, existia forte ausência, talvez, até de mim mesmo. Pensei mecanicamente em escrever algo, mas não sabia sobre o quê ou quem.

Sobre o domingo ou sobre mim?Não, eu não sei. Queria ser um polvo e que meus tentáculos fossem frases ou palavras que conseguissem chegar a algum lugar. Tocasse, pelo menos, a mim. O sentimento daquele momento era a falta de essência, de sentido e sentimentos.

Decididamente os sentimentos de domingo (ou suas ausências) não devem ser levados a sério. Eles são sempre potencializados e tem potencial para nos levar para repetições ou locais desconhecidos. Já vivi diversos sentimentos de domingo em outros dias da semana e eles são traiçoeiros até mesmo em dia de feira.

Calhou de hoje ser domingo, de eu sentir a mecânica e a vontade da escrita, unicamente para ser salvo do marasmo que me invadiu a alma e da certeza de que não devemos levar a sério os sentimentos de domingo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O não mutável.



As ideologias e os paradigmas são parte da nossa personalidade. Certamente, somos capazes de inovações e repetições diante desses conceitos, na maioria dos casos, eles nos define, nos dão características próprias e parecem enraizadas a nós.

Hoje, ao invés de ideologias ferrenhas e paradigmas, prefiro lançar sempre que possível, o meu olhar sobre coisas e pessoas e tratá-las caso a caso, um a um. Os sentimentos diferem e minha cabeça aos dezoito, torcia e quer que não seja parecida aos trinta e poucos anos. Não vejo glória nas não mutações, não estamos certos o tempo inteiro, sobre tudo e todos.

E sempre que eu me deparar com situações que me façam repensar, esse será um momento de êxtase. Sim, aquela certeza envelheceu, aquele já não sou, eu mutável e capaz de me relacionar com pessoas, de trocar sentimentos, experiências e aprendizados. Tempos outros, vindouros.

Não me peça para que eu me defina através de razões, de obviedades que tentamos fazer que os outros acreditem,ou mesmo que nós acreditemos. Amanhã, eu posso esquecer-me do que me movia ontem, do que me faz seguir hoje. Amanhã, a estrada pode ser outra e o caminho, contrário.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Chuva como benção na terra do sol.






Era manhã e o sol adentrava pela janela ampla da sala. Aquele era o meu primeiro endereço na cidade. Fui até a janela e vi que havia um mundo lá fora e aqui dentro o desejo de desbravá-lo.  Rapidamente fiz planos futuros, pensei em coisas e pessoas que havia deixado para trás. Rupturas são sempre escolhas difíceis, por mais que se façam necessárias.

Nos cômodos do apartamento, várias caixas espalhadas pelo chão. Era parte de uma vida nova e de mudanças que a vida me reservava e que eu almejava com sinceridade. Muita coisa me definia naquela época, muitas expectativas e quereres. Era tempo de desejar, de ser. Obvio, veio a saudade, dúvidas e dificuldades, mas que nunca foram capazes de me fazer sucumbir, voltar ou seguir para outro lugar.

O meu batismo na terra do sol foi na chuva. É irônico pensar assim, mas a primeira vez que senti Fortaleza como minha cidade foi num dia em que caia um temporal. Naquele dia, deixei que a chuva me ensopasse a alma, que na ocasião, estava encharcada de sonhos e vontades. Tudo o que eu queria era pertencer à cidade.

Já tive quatro endereços em seis anos, conheci dezenas de coisas e pessoas. Essa cidade me trouxe possibilidades: entrei para o curso que eu queria (Jornalismo), fiz cinema (produção de curtas metragens), festival e trago uma série de outras vontades que quero realizar aqui. Que nem tudo são flores, isso eu sei bem,tive dias desérticos em que tudo que mais me incomodava era o excesso de sol. Dias de sol que também me propiciaram o que chamamos de felicidade.

E sim, faço questão de continuar sonhando,querendo, conhecendo e desbravando o lugar que eu escolhi para morar, para viver. Andar a pé, ver o mar, sentir o vento e continuar uma caminhada que começou num dia de abril há seis anos.